sábado, 30 de outubro de 2010

Minhocações e besouragens

Acabei de reler pela 3 vez As Meninas, da Lygia Fagundes Telles e não resisti em pegar emprestado as expressões acima.

Estava lendo um post da Lola que falava sobre aqueles que são preconceituosos por enxergar o preconceito em tudo. A posição da Lola não é essa, ela só estava respondendo uma crítica que recebeu. Eu, como estou infurnada em casa trabalhando à beça fiquei pensando "Será que o mundo mudou e eu não vi?". Eu bem que queria viver no mundo de algumas pessoas onde todo mundo é feliz e não existe pobreza e injustiça e todo mundo que rouba é mau e merece ir para o inferno. Quem usa drogas é fraco e merece morrer tbm. Naquele mundo onde as mulheres podem tudo, até serem presidentes. Ai ai! Ia ser mesmo uma beleza.

Talvez esse mundo exista, mas é um universo paralelo ao nosso, como naquelas historinhas em quadrinhos. Gente, esse mundo não é aqui, muito menos no Brasil. Vou falar do que eu entendo, que é sexismo. Porque eu sou mulher, né. Recentemente tive um problema com a imobiliaria que aluga o apê pra mim e bom, tinha umas coisas duvidosas no contrato e fiquei com medo do cara se aproveitar. Ele quis aumentar o aluguel ano passado injustamente, e o maridão caiu na conversa pq o cara disse que se ele aumentou com o índice negativo, o maridon podia negociar um aumento mais baixo quando o índice estivesse em alta. Aconteceu isso esse ano, o índice em alta e, bom, pensamos em negociar. Mas o maridão queria que eu falasse com o cara pq sou menos flexivel e o cara é um bronco. Bom, o cara se ofendeu de estar sendo contestado por uma "mulherzinha", ofendeu meu caráter e tudo só porque eu exigi q ele falasse com o proprietário sobre a nossa recusa em aceitar o aumento. Acho q ficou puto porque eu disse "Não quero saber o que você acha que o proprietário vai falar, quero que fale com ele." O cara não falou. Me ligou 10min depois com uma conversa fiada, mas eu não queria discutir e contactei meu advogado. Olha a resposta que recebi dele sobre como proceder ao devolver o apartamento para não ter problemas:

Quanto aos defeitos, vc deve notificar a imobiliária por escrito exigindo a reparação, sob pena de levar o caso à justiça. Tire fotos, chame o porteiro e o sindico pra ver. Eles poderão testemunhar a seu favor mais adiante.

Quando vc tiver de saída, observe o que diz a cláusula XVI. Este povo é chato mesmo, tem de dar duro, comparar a vistoria inicial com a final e discutir muito. Não vá só, vá com seu marido ou outra pessoa, de preferência homem.
Não é discriminação, é verdade, eles abusam da compreensão e da fragilidade feminina.

Além disso, em regra, o que eles (imobiliária) conseguirem tirar de vc em excesso é deles, ou seja, muitas vezes eles enganam o proprietário e o locatário.


Não é preconceito não, minha gente. Apenas meu advogado me ensinando como as coisas são. Eu posso dizer que é normal devido ao fato das mulheres não serem afeitas às coisas práticas ou ao mundo dos negócios. Mas olha só, eu já morei só com uma amiga, e o contrato de aluguel estava no nome da minha mãe (se não me engano, uma mulher). Minha mãe, embora não boa administradora, cuida dos seus bens melhor do que o meu pai cuidava. Tem uma casa própria e um automóvel. E ela é uma mulher só. Minha tia, irmã da minha mãe está na mesma situação e ainda tem um apartamento na praia. Ambas foram "trocadas" por outras por seus maridos, sustentaram as famílias e terminaram de criar os filhos. A maior parte das minhas amigas, compra carros no seu próprio nome. Tenho uma que tem um apartamento quase quitado no seu nome. Outra, recebeu de herança um da mãe, que aluga para complementar as despesas de sua vida em outro país. Essa última acho que é a única que não cuida pessoalmente dos negócios pq seu pai é vivo e como quando a mãe dela morreu e ela era muito nova para cuidar das finanças, virou hábito. Além do mais, ela confia no pai.

Tenho amigas mais velhas que cuidam dos filhos, dos ex-maridos, dos pais e etc. Onde está a fragilidade? É claro que eu entendi o que o advogado quis dizer. Que as imobiliárias enrolam até os homens, quiçá as mulheres, que parecem naturalmente mais despreparadas? Mas eu realmente não concordo. Acho que acontece o que aconteceu comigo ao argumentar com o proprietário da imobiliária - orgulho ferido. Como uma mulher pode discordar ainda de um jeito petulante? É, eu fico petulante quando sei que estou certa (é raro eu achar que estou certa). Mas é que eu penso, se a lei está do meu lado, porque tenho que "puxar o saco" de quem deveria estar pedindo desculpas? A verdade é que o homem não me deixou nem terminar de falar. O orgulho dele ficou tão ferido que disse que eu poderia sair do apartamento naquele mesmo mês que não cobraria multa, que se sentiria avisado sobre a saída. Pensa se eu vou fazer isso com um destemperado desses? Claro que quando eu sair vou avisar direitinho, porque a vontade dele me ferrar vai ser enorme depois da contestação. Mas enfim, pode parecer uma coisa boba, se é, porque o advogado fez questão que colocar em negrito no e-mail?

Tenho outro causo que aconteceu tbm comigo que já nem me lembro se contei. Mas quando o meu pai faleceu, já tinha vendido umas terras que tinha pelos interiores de Brasília. Mas como tudo do meu pai é enrolado, tinha gente morando nas terras. Talvez ele tenha feito um acordo com o proprietário para essa gente continuar lá. Como a gente não consegue falar com o comprador, tentamos falar com o povo que mora lá. Eu estava encarregada do inventário de mi padre. Fui com o meu irmão pq não tenho carro. Enfim, eu tbm vivia indo naquelas terras com o meu pai e aquelas pessoas me conheciam tanto quando ao meu irmão. Começamos a prosear, tomamos vários cafés, vimos várias galinhas e começamos a contar o problema para aquelas pessoas. Aquele terreno não pode ser loteado. Tínhamos que fazer um acordo entre o comprador e eles e queríamos fazer algo formal para deixá-los amparados. O meu irmão nunca chega no assunto. Eu fui direto pq não aguentava mais beber café - vcs tem algum documento da terra? Todos tinham. Posso ver? Ninguém deixou. O meu irmão pediu, ninguém deixou, mas eles não falaram comigo. Só falavam com o meu irmão. Eu dizia uma coisa, ninguém respondia, meu irmão repetia o que eu havia dito, eles falavam. Não gente, não estamos no Oriente onde homens não negociam com mulheres, estamos no Brasil.

Agora, se isso não é preconceito, alguém pode me explicar qual é o nome da coisa que eu tenho que combater?

terça-feira, 26 de outubro de 2010

O Buzão de Murphy

Eu fui ao cinema hoje assistir Tropa de Elite 2 (talvez algum dia eu faça um comentário aqui, pq não é sobre ele que quero falar agora, apesar de ter gostado) no cinema mais perto da minha casa onde posso ir de Baú. Na hora de voltar (antes da 9:30 da noite), eu e o Marcos passamos pela maravilhosa experiência de se pegar ônibus de noite em Brasília. O primeiro que passou era o nosso. Ficamos acenando loucamente porque a W3 Norte é um putero depois das 10hs e não queríamos conviver com as tias porque elas não andam com boas companhias. Ele passou tão rápido na faixa oposta a da parada que furou o sinal como um raio. Depois passaram mais dois no mesmo esquema. O Marcos não queria arriscar, então se jogou na frente do ônibus para que ele parasse. Não sei se ele parou por causa do Marcos ou porque a câmera do meu celular tem um puta flash. Sei que fiquei com medo de ficar viúva antes dos 30. Quando cheguei em casa me lembrei que tinha um texto de 2007 sobre isso que estava terminado (a maioria dos meus textos estão incompletos). Então resolvi compartilhar com vcs:

***

Andar de ônibus em Brasília é uma aventura. A cidade planejada de ruas largas não foi planejada para pessoas, ônibus, chuva, e sim para prédios, carros, monumentos e só. Quem se aventura a andar de ônibus por aqui lida com dois problemas: a competência do governo local e Murphy ( não o Dr. Doolittle, o da lei de Murphy). A menos que você pegue ônibus na W3 para ir para W3, acredite, vai ter problemas. Primeiro que você vai andar uns 10 minutos até chegar na parada. Mas isso não é ruim, uma forma de fazer um exercício, já que academia não é coisa pra quem anda de ônibus, não por aqui, pelo menos. O problema é que invariavelmente, a menos que você esteja na W3 e vá para W3, provavelmente vai levar no mínimo uns 15 minutos esperando pelo seu ônibus. Quando ele chegar, a chance dele estar vazio é mínima (lembre da lei). Mas não sejamos pessimistas, ele quase sempre vai estar cheio, mas se não for horário de rush ele não vai estar lotado. O problema é que ele vai parar em todas as paradas até chegar ao seu destino (o seu não o dele) porque ele vai passar pela W3 (TODOS OS MALDITOS ÔNIBUS DE BRASÍLIA PASSAM PELA W3 - menos quando vc quer ir para lá), mais um monte de gente não vai estar indo pra W3 e ele pode parar ainda mais se estiver na W3, mas indo para outro lugar que não ela.

Nisso você leva no mínimo meia hora pra chegar aonde quer. Somando os 10 minutos do trajeto até a parada, os 15 até pegar o baú, os 30 da viajem e ainda adicionando uns 15 (e isso sendo otimista) do trajeto da parada final até onde você quer ir e contando nesses 15 algum pequeno atraso dos números anteriores são já 1 hora e 10 minutos. Isso quer dizer que se você demora uma hora pra acordar, tomar banho e tomar o café da manhã você tem que acordar duas horas antes do horário de entrada no trabalho ou na escola. Se você, como a maioria das pessoas normais, que não é funcionário público, entra às 8hs no trampo terá que acordar às 6hs. Seis horas da manhã é desumano!

Mas as coisas não são sempre assim. Quem disse que os ônibus passam de 10 em 10 minutos? O Guará passa de 15 em 15 considerando condições ideais, sem chuva, sem ônibus quebrado, engarrafamento ou acidente. O Cruzeiro é de 20 em 20 na teoria porque na prática é de meia em meia hora, mas ninguém divulga porque teoricamente o Cruzeiro não é periferia, então teria que ser tão bem servido quanto o Guará em matéria de ônibus, mas não é. Não vou nem comentar se você mora na Octogonal ou no Sudoeste, se você está nessa situação aumente 10 minutos em cada intervalo de tempo que ainda estará dentro da margem otimista da situação. Depois de analisar rapidamente tudo isso, entra Murphy, que ao contrário do governo sempre segue a sua própria lei. Mas não se preocupe, se você mora nesses dois últimos lugares não precisará do ônibus pois terá um carro e não discuta com o governo. VOCÊ NÃO PRECISA DE ÔNIBUS!

Sempre que você quiser ir pra W3 Norte só vai passar ônibus ou para Rodoviária ou para W3 Sul. Num outro dia quando você for para um desses dois outros lugares você vai chegar na parada feliz pensando que vai ter sorte e que assim que chegar o seu ônibus vai passar – esqueça! Só vai passar W3 Norte. E as autoridades, ingenuamente se perguntam porque o grande volume de veículos nas ruas com somente uma pessoa. Ou porque houve um aumento escandaloso na venda de motos. Dá vontade de dar 10 reais para elas e manda-las irem e voltarem do trabalho, chegando na hora, antes de fazer uma pergunta idiota como essa.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Nepotismo não é só político

O nepotismo é uma prática desonesta e injusta. Ele elimina a competição e não avalia as capacidades individuais. Muitos brasileiros recorrem a essa prática mesmo tendo qualificações suficientes para conseguir um posto sozinhos. Recorrem a ela porque é mais fácil e "garantido". Muitos desses brasileiros depois reclamam do nepotismo na política. Vai entender...

Existe outro tipo de nepotismo, o intelectual. Nele apenas as pessoas que sempre tiveram acesso ao discurso são autorizadas e emitir juízos e opiniões. Quando há alguma mudança em quem pode falar notamos que sai da mão de um poderoso para a de seu protegido e/ou filho, esposa, sobrinho. O problema dessa prática é que além de colocar muitas pessoas sem competência controlando os meios intelectuais, ela inibe, reduz ou barra a diversidade de idéias e opiniões. Promove hoje o efeito "intelectual no carro importado", uma versão mais moderna do intelctual na torre de marfim. Esse novo intelectual conhece um pouco mais do mundo, saí de casa e chega até a ver os problemas de sua cidade, mas dentro de seu carro importado com película e ar condicionado digamos que sua persepção da realidade fica bastante comprometida.

O nepotismo artístico é um velho conhecido. Quantos cantores e atores que estão em voga não são filhos de outros? Muitos deles tem talento, é certo. Mas será que aqueles que não tem saem da mídia por causa disso? Os que não tem talento tem dinheiro para esconder a falta dele. Podem contratar um bom produtor, letrista, uma boa banda, e pronto, tá aí o talento $. Entre os atores a situação é mais gritante ainda quando temos uma emissora que detém uma enorme fatia do mercado cultural brasileiro atuando inclusive no cinema e promovendo uma dezena de novelas ruíns, programas sem conteúdo e nenhum desafio para seus atores. Mas realmente eles não parecem se importar em ficarem guardados na gaveta recebendo um bom salário e um por fora para aparecerem na balada. O mais engraçado, que no lugar de participarem da intelectualidade brasileira, eles ficam alheios de todos os processos sociais e usam a imagem e o alcance que ela tem para promover apenas a eles mesmos. Não são todos, é verdade, mas aqueles que não são "globais" são tão locais que quase ninguém repara. É uma pena.

Seguindo o pensamento de Terry Eagleton, que muita gente cita, mas pouca gente segue; enquanto deixarmos apenas os mal intencionados tomarem conta do processo estaremos sendo coniventes com tudo o que fizerem. Não podemos deixar apenas os nepotistas fazerem parte do processo, temos que abrir uma fresta para a competência e a honestidade entrarem.

domingo, 24 de outubro de 2010

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

A luz do fim do túnel

Um pouco da tensão está ficando pra trás. Esse climinha chuvoso me ajuda a concentrar e é boa a sensação de que os deadlines não vão me matar. Muito da raiva que descontei no post passado, passou. Afinal, todo professor acaba se acostumando com gente que tem preguiça de pensar. Só fico um pouco triste disso não ser motivo de vergonha, mas tenho esperança. Outro dia vi na TV que a OAB quer arroxar com os plagiadores. Quem sabe o exemplo não se estenda para outros domínios?

Se por um lado me senti lesada, por outro elogiada. Vou encarar esse episódio como um incentivo para montar meu próprio material, do jeito que eu quero. Quem sabe alguém se interesse em publicá-lo? Outra coisa que me anima é saber que terei tempo para revisar minha dissertação. Não paro de sonhar com a banca me descascando. Vai ser bom ter tempo para me preparar para sabatina.

Mas enfim, sem muita inspiração pois acabei de trabalhar a pouco e foram mais de 10 horas de trabalho. Difícil ter uma insight criativo nessas condições.

É isso. Por hoje é só, pessoal!

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Gente cara de pau

É mesmo foda. Eu não sei definir se é cara de pau ou folgado mesmo. Pode ser também que seja preguiça, o que me deixa mais p*** ainda. Sei que aconteceu o seguinte comigo. Primeiro eu estava dando aula de Francês Instrumental na UnB pq NINGUÉM queria dar o curso. Muito trampo, muitas turmas, não tem material e talz.

Eu topei a parada pq sou meio louca mesmo. Me matei de trabalhar feito um burro de carga e consegui montar uma apostila. Recebi uns conselhos valiosos das colegas do francês, mas ninguém fez nada pra mim. Até dei uma olhada no material preparado por uma colega, mas só queria mesmo ter noção de como eram estruturados os exercícios. Pois bem. No meu primeiro semestre como professora, comi o pão que o diabo amassou. Arrumei uma monitora que não valia nada e quase sumiu com os trabalhos dos alunos. Depois peguei uma porção de alunos picaretas tentando colar e se sentindo os donos da verdade. Aprendi muito na prática como estruturar um curso, e finalmente, a não dar mais tarefas do que vc pode corrigir. Eu não aprendi a ser picareta pq sempre detestei esses professores quando era aluna.

Pois bem, muito tempo depois, recebi um e-mail de uma colega pedindo um auxílio sobre como montar uma prova de francês instrumental. Ela não deixou muito claro no e-mail, mas disse que tinha recebido uma proposta para trabalhar com francês instrumental e queria umas dicas. Eu enviei o link da minha pasta com o material e dei umas explicações por e-mail, me colocando a disposição para tirar qualquer dúvida. Não tinha porque não fazer isso, afinal, conhecia a pessoa (não muito bem), e meu material foi montado, na maior parte, com textos livres de jornais e sites da internet. De qualquer modo, era algo que qualquer um poderia fazer desde que tivesse tempo, conhecimento e paciência pra isso.

Pouco tempo depois eu encontrei a colega que veio me agradecer a ajuda. Nessa ocasião ela me explicou o motivo do e-mail: montar a prova da seleção do mestrado da sociologia (ou ciências socias, não me lembro). Ai eu não sei, me deu um sentimento de otarice da minha parte. Não sei se me enganei, mas achava que o mais correto seria ela ter passado pro pessoal o meu contato, já que não entendia nada de francês intrumental. Para dar aula eu até tava de boa, afinal não tem ninguém além de mim e uma outra professora com algum entendimento do assunto na cidade. Mas enfim, pensei que estava sendo invejosa e deixei pra lá. Afinal, ela tinha os contatos, eu não.

O problema, que fez esse sentimento voltar, foi outro e-mail dela que recebi. Era sobre um curso de capacitação que uma instituição de renome de Brasília ia dar aos professores e ela queria oferecer o meu material. Eu fiquei um pouco desconfiada então respondi que não me importaria, desde que a responsável pelo curso entrasse em contato comigo pessoalmente para criar um vínculo formal. Afinal, meu material estava ajudando seleções de mestrado, cursos de formação e eu não estava ganhando nenhum crédito por isso. Adivinhem o que aconteceu? Nada. Nenhuma mensagem de resposta. Fico até com medo de ter sido ignorada. Por via das dúvidas, eu bloqueei o acesso a pasta, mas pode ter sido tarde demais. Sabe, eu não me importava em emprestar, mas pelo que percebi, não queriam fazer como eu fiz, montar o meu próprio material a partir de idéias de outros materias. Queriam apenas usar, copiar, e sabe-se lá, levar crédito por isso. Sabe o que me deixa mais p*** ainda? Eu nem tinha arrumado ele do jeito que queria. Era meu trabalho pra depois do mestrado. Tbm nem achava que ele tava bom. Talvez tenha sido isso que me fez prostituir o coitado.

Bom, depois dessa ainda aconteceu outra coisa com outra colega, mas prefiro nem comentar. Se essa foi ruim a outra nem se fala.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

O maior cego é aquele que não quer ver

Fugindo um pouco do debate político, mas resvalando nele, eu estive pensando no assunto que parece importar - fé dos candidatos. Parece que principalmente pro Serra, o importante é convencer de que ele é realmente um temente a deus. Pois bem, eu acho muito estranho dizer "católico não praticante".

Quer dizer, acredito, mas não pratico a minha fé. É um tipo de blasfêmia, não? Traduzindo melhor essa expressão ela quer dizer, eu acredito só pra vc que pergunta não me olhar torto e ter lá no fundo uma paz de espírito que me conforta com a idéia de que se existir um céu, eu tô garantido. É aquela coisa, já que duvidar da existência de deus é pecado, eu me garanto com ele achando que acredito e a minha preguiça e descrença em praticar a religião ficam perdoadas porque tenho fé.

Uma das minha melhores amigas é católica praticante. Ela é tão praticante que vai a missa sozinha, e não por imposição da família, que também é católica. Nós somos amigas desde a adolescência. E passamos muito tempo discutindo religião. Ela sentia uma certa dificuldade em entender a minha descrença e eu a crença dela. Pelo que eu entendi a fé é acreditar em algo sem provas, uma confiança cega. Depois que eu entendi isso percebi que a única fé que eu tinha era nas pessoas (constantemente abalada, mas sempre renovável).

Ela queria me levar para igreja dela, achava que meus conflitos familiares iriam melhorar se eu frequentasse a igreja. Eu era mesmo uma jovem triste e obscura. Fui umas duas vezes realmente procurando um conforto. As palavras batiam em mim e voltavam. Podem dizer que eu não "abri meu coração". Mas ele estava realmente sangrando de tão aberto e a igreja não conseguiu penetrar. Eu não tenho essa fé religiosa. Mas não perdi a amiga. Depois de muitas conversas ela entendeu que seria muito pior eu frequentar a igreja sem ter convicção naquilo. Eu cheguei a dizer a essa minha amiga que não conseguiria ser hipócrita a esse ponto porque eu achava que para os crentes aquilo era coisa séria. Porque eu iria invadir aquele lugar sem acreditar naquilo? Para mim isso é um desrespeito. A mesma coisa nos cultos evangélicos. Já fui em alguns. Todos dizem que faz uma enorme diferença de um para o outro e etc. Pra mim é a mesma coisa da missa, só que as pessoas cantam mais e o sermão é mais acessível.

Realmente o que eu acho é que as pessoas tem tanta dificuldade para conversar com os vizinhos, serem amáveis e fazerem amizade que muitas recorrem a religião apenas para fazer parte de uma comunidade. Os que realmente acreditam naquilo são uma parcela muito pequena. A maioria quer amigos e um "alívio rápido para consciência". Além daqueles que acham que podem cometer os maiores pecados e indiferença que basta comer uma hóstia ou dizer "aleluia" que pronto, passou. Existem pessoas que realmente acreditam, como é o caso dessa minha amiga. Mas eu realmente acho que essas pessoas estão tão realizadas com a própria fé que não tem necessidade de reafirmá-la a todo instante nem tão pouco angariar ovelhas para o seu rebanho (ou fundos para seu investimento).

Podem ainda me lembrar que minha amiga tentou me convencer a fazer parte da igreja dela. Bom, era algo que a fazia bem e ela achou que poderia me ajudar. Também era uma fase de questionamentos para ela e eu acho que as conversas comigo a ajudaram a reafirmar a própria fé e aprendar a não julgar os outros por causa disso. Além disso ela descobriu que eu tinha minhas próprias convicções. Quando para ela era um mandamento para mim era lógico, respeitar o próximo como eu gostaria de ser respeitada e assim por diante.

Daí eu me pergunto, que religiosos são esses que preferem uma mentira deslavada ao respeito às suas crenças? Que religiões são essas intolerantes e superficiais?

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Fogoooo!

Só pra ver se chamava atenção.

NÃO É HORA DE RETROCESSOS!!!

Quero colocar aqui um manifesto contra essa exploração retrógada que está sendo feita com o tema do aborto. Estão tentando retirar nossos direitos já adquiridos e transformar um tema de direitos humanos e saúde pública em promessa de campanha. Não podemos que a religião de alguns custe a vida de outros.


Para apoiar, deve-se clicar AQUI


MANIFESTO: "NÃO É HORA DE RETROCESSOS" !

Nós, cidadãs e cidadãos, defensores dos direitos humanos e conscientes das desigualdades de gênero que afetam negativamente o cotidiano das mulheres brasileiras, vimos a público expressar indignação pela forma como a questão do aborto está sendo instrumentalizada no atual período eleitoral.

O aborto é uma grave questão de saúde pública. Esse entendimento e o respeito à dignidade das mulheres levaram os dois últimos governantes que ocuparam a presidência da República a garantir avanços significativos nesse campo, com a aprovação de duas normas técnicas, pelo Ministério da Saúde.
A Norma Técnica Prevenção e Tratamento dos Agravos Resultantes de Violência Sexual contra Mulheres e Adolescentes, de 1998, assegura assistência imediata a mulheres vítimas de violência que queiram interromper uma gravidez não apenas indesejada, mas imposta pela desonra de um estupro. O Código Penal de 1940 assim o permite. A Norma Técnica de Atenção Humanizada ao Abortamento, de 2004, orienta sobre o acolhimento e tratamento digno que toda mulher em processo de abortamento, espontâneo ou inseguro, tem direito ao ser atendida no Sistema Único de Saúde.

O processo brasileiro de democratização já se revelou maduro e plural o suficiente para não sucumbir a pressões eleitoreiras e conservadoras que pretendem tão-somente ocultar e desprezar o sofrimento de milhões de mulheres para quem o aborto é o último recurso. Por isso mesmo, o aborto não deve ser pago ao custo de sofrimento, solidão, enfermidade ou mesmo a morte. Deste modo, a consolidação e o aprofundamento democrático no Brasil requerem, de modo premente, a preservação do princípio constitucional do Estado laico, e da liberdade religiosa como direito importante para que as pessoas possam professar sua fé e agir de acordo com suas consciências.

É amplamente reconhecido que são mais prejudicadas nesse contexto as mulheres pobres, que recorrem ao SUS com complicações decorrentes de um aborto feito em condições precárias, com risco elevado de comprometimento de seu bem-estar futuro.

Da mesma forma que a realização de um aborto em condições dignas e seguras não deve ser o divisor de águas entre as mulheres brasileiras, em função de sua classe social, não é aceitável que essa questão seja usada nos processos eleitorais com o objetivo de que prevaleça um Brasil arcaico, hipócrita e conservador sobre interesses republicanos e de promoção da igualdade entre os sexos.

É dever do Estado garantir o acesso amplo e irrestrito aos métodos contraceptivos para regulação da fecundidade para homens e mulheres no âmbito do Sistema Único de Saúde. A Constituição Brasileira e a Lei 9.253/1996 estabelecem que o planejamento familiar é um direito das pessoas e que cabe ao Estado fornecer as informações e os meios para o controle voluntário da fecundidade.

Não é hora de retrocessos. Não podemos caminhar na contramão da maior parte dos países democráticos, que vêm considerando este um sério problema de saúde pública e garantindo legislações que preservam a dignidade das mulheres que se vêem diante de tais circunstâncias. Ser contra a criminalização do aborto é reconhecer o direito à justiça e evitar o sofrimento de milhões de mulheres neste país.

Para quem esqueceu assinar é só clicar AQUI

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Pfffff

As vezes é muito difícil conectar as ideias, outras, explicar as conexões. Na minha cabeça fica tudo lindo, mas no papel parece o Frankstein. Para tentar sair do problema resta ler e reler a bibliografia. Só faz aumentar os pedaços do meu monstro. Nessas horas sou sempre atacada pela alteridade da banca. "Pq vc não usou o fulaninho? O ciclaninho? Eu não gosto desse conceito. Eu não concordo com essa nomenclatura..." É, como diria Sartre, "o inferno são os outros". E eles habitam minha cabeça.

Sou uma pessoa chata agora. Meu trabalho me tira o assunto. Agora eu entendo porque me sentia tão entediada com determinados colegas do meu marido que estavam nessa fase. O trabalho nos consome e só nos resta deixarmos nos consumir. Pra que falar de política, se eu estou prestes a salvar... minha pele? Pelo menos não precisarei fazer análise tão cedo. Talvez uma análise da análise.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Será que erramos?

Eu estava aqui pensando no aumento da desigualdade entre os sexos no Brasil, no crescimento da bancada evangélica na Câmara e na recente polêmica em torno das eleições que conseguiu reduzir todo o processo numa decisão que parece acreditar que o melhor candidato à presidência deve ser o mais religioso e retrógado.

Eu sempre defendi a liberdade de expressar idéias e crenças. Muitas vezes fui desrespeitada por acharem que ser ateu é estar indeciso e não uma "crença" em não crer. Vivo num país laico que oferece a própria constituição a deus (vide preâmbulo). Em meio a todas essas contradições as minorias parecem estar ficando cada vez menores. Existe uma série de permissões para religiosos. Se eu fosse adventista poderia fazer o vestibular em horário especial para respeitar o 7 dia. Não acho isso errado. Não sou a favor da proibição do véu na França. Mas também não acho que os religiosos devam tomar decisões para o país de acordo com suas próprias crenças. O governante deve governar para cristãos, umbandistas, espíritas, ateus e tudo mais. Eu não sou muito boa de datas, mas acho que no século XVII Estado e Igreja se separaram e foi um avanço. A democracia não combina com um governo religioso. Luis XIV era o chefe do estado e da igreja. Eu imagino se os parlamentares forem cada vez mais religiosos se não vamos perder nossa liberdade além de ter que orar antes das solenidades públicas.

O que eu acho mais interessante é que se discute religião numa eleição e perde-se espaço para se discutir as propostas para o país. Perde-se o foco, que é discutir POLÍTICA. Vamos ser realistas. Ser ou não religioso nunca foi sinônimo de bondade ou honestidade. Inclusive a maior parte das crenças pregam a verdade (delas), isso faz com que o crente seja muitas vezes mais coercivo do que o não-crente. Ele pode acreditar que o deus dele é o único e verdadeiro e que não acreditar em seu deus é um pecado imperdoável. Sendo assim, não há mal em matar um pecador em nome de um bem maior. Como diria o Pearl Jam "I can kill because in God I trust".

Alguém lembra dos deputados da câmara legislativa do DF orando para agradecer a propina? A religiosidade dos israelenses não os impede de tomar o espaço dos palestinos, nem tão pouco bloquear o envio de ajuda humanitária. Os protestantes nos Estados Unidos conseguiram proibir o ensino da Teoria da Evolução nas escolas. E isso tudo porque? Porque nós, que não partilhamos dessas crenças ou que achamos que religião não combina com política deixamos os religiosos cada vez mais ocuparem espaço na política. Muitos deles parecem não ter a mesma tolerância que nós e quando ocupam um cargo importante, legislam em causa própria, não respeitando as diferenças e acreditando que suas crenças são a verdade e que aqueles que divergem são pobres coitados que merecem ajuda. Bom, o último governante forte que era a verdade, a religião e a lei era...

*Editado posteriormente.
Eu não quero dizer que todos os religiosos sejam proselitistas ou fundamentalistas, mas aqueles que parecem interessados em tornar a religião um assunto político, sim.

Então eu me pergunto, será que erramos ao defender uma liberdade que parece nos condenar ao silêncio e a marginalidade? Será que não está na hora de nos lembrarmos que "o pessoal é político"?

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Porque o aborto é tão polêmico?

Recentemente vimos pela rede centenas de boatos referentes a posição da candidata Dilma sobre o aborto. Independente da posição dela o que era visível no tom de grande parte dos comentários era algo insinuando que caso ela assumisse publicamente que era a favor teria sua candidatura ameaçada. Temos que admitir que grande parte da população assume publicamente que é contra o aborto, mesmo que não seja. Algo como "católico não praticante".

Porque isso acontece? É extremamente mal visto ser ateu assim como ser a favor do aborto. O caso do aborto é ainda pior, porque o ateu tem salvação, pode encontrar Jesus. Mas a pessoa que é a favor do aborto se torna automaticamente um criminoso em potencial. A palavra que vem à nossa mente é "assassino". Mesmo o argumento mais plausível parece ser descartado quando se trata de aborto. É uma opinião senso comum que impede a maioria da população de pensar realmente sobre o tema.

Quando se fala em legalização do aborto não se espera que TODAS as mulheres façam um aborto. Muita gente vê inclusive uma necessidade em regulamentar a prática. Outra questão que parece não chegar a mente da população é que mesmo com toda essa criminalização e desprezo pelas mulheres que abortam essa é uma prática que não tem queda. A unica coisa que aumenta é o número de mulheres que morrem em decorrência do aborto. Esse número não pode ser ignorado. Isso é uma pressão clara entre a verdade e o senso comum. A realidade diz que se não se tormar alguma providência mais e mais mulheres vão continuar morrendo. Não importa a sua opinião nem a do Estado. Elas continuam praticando o aborto. A questão é que quando a mulher aborta e morre são duas vidas perdidas, se ela sobrevive, pelo menos uma é salva. Se você acredita que deus não permite, deixe que ela se entenda com ele quando for para o paraíso, ou que vá para o inferno, seja lá o que que vc acredite. Mas não deixe que uma pessoa já viva e nascida morra por causa da sua intransigencia. Se você é contra o aborto o não pratique, mas tornar essa proibição uma lei torna você cumplice dessas mortes.

Parece pesado, não? Mas pesado é imaginar que todas as mulheres tem condição de apertar um pouco o orçamento e conseguir criar um filho. Injusto é imaginar que todas as mulheres acreditam em deus. Limitado é pensar que todas as mulheres podem catar papel na rua para o seu sustento com uma barriga de oito meses. Alienado é achar que todas as crianças colocadas para adoção terão uma vida digna. Eu acho injusto condenar mães e filhos a uma situação dessas só porque as pessoas não tem capacidade de se colocar numa posição dessas e pensar com franquesa "Será que eu, nessas condições teria um filho"? Muitas vezes as mães temem que seus filhos tenham o mesmo destino. Existem pessoas que não tem uma vida digna, mas pimenta nos olhos dos outros é refresco.

É muito confortável sentar na sua cadeira em frente a sua tevê de LCD e pensar que a sorte sorri pra todos e o que parece decente e deixa sua consciência tranquila condena mães e filhos ou a morte ou a miséria. Também podemos pensar em milhões de outras possibilidades. Uma menina estuprada pelo marido da irmã mais velha, única pessoa que ela tem no mundo, obrigada a obortar numa clínica suja pela família vai parar no hospital de base por complicações e acaba morrendo porque os médicos ficaram com medo de serem presos. Isso já passou pela sua cabeça?

Porque então o aborto é tão polêmico? Eu acredito que as pessoas não sabem a realidade do aborto no Brasil. No mundo inteiro ele não para de ser praticado com proibições legais. Tem gente que prefere impor as suas crenças achando que é o certo e o melhor pra todo mundo. A questão é que o aborto não fere você e se fere as suas crenças não o pratique. O que você tem feito pelas crianças abandonadas, pedintes, pelas mulheres de rua com seis filhos nas costas para proibir o aborto e dar a eles uma vida digna?

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Vou ser do contra!

Sei que está todo mundo pensando em política, falando em política e querendo política, mas minha cabeça está poluída demais com minha dissetação para conseguir escrever um post decente sobre o assunto. Quero falar de sexo. De política eu já falo o ano inteiro.

A gente vai escrevendo e pensando nas possíveis perguntas que vai escutar e formando possíveis respostas. Fico imaginado, por exemplo, que a minha banca vai querer me dar uma rasteira e me perguntar o que eu entendo por gênero, papéis de gênero e crítica psicanalítica. Outra infinidade de conceitos podem ser um calo no meu pé. Por exemplo, discursos sociais. Posso também ser surpreendida por uma pergunta perturbadora. Algo como "porque você acredita que a maternidade é responsável pela manutenção dos papéis de gênero e a repressão sexual feminina?". Essa é muito fácil de responder, mas ao mesmo tempo, se for um homem a fazer a pergunta ele pode simplesmente ignorar toda uma realidade. Afinal a educação de meninos e meninas é beeem diferente.

Meu pai dizia "prenda a sua cabra que eu soltei meu bode", tentando me fazer entender qual era o meu lugar. Eu não contei para minha mãe quando eu perdi minha virgindade e nunca tive coragem de pedir uma camisinha para ela. Eu ouvi os maiores desaforos do mundo a primeira vez que dormi na casa de um namorado. Fui chamada de piranha pra baixo, pela minha mãe. Quando era adolescente meus pais desconfiavam do fato de eu ter mais amigos homens do que mulheres. Nem o fato de eu andar com o meu irmão ajudou a responder. Minha mãe achava que os meus amigos tinham segundas intenções. Que pegava mal eu andar no meio dos homens. E para ser bem sincera, a minha mãe não era das mais repressoras que eu conheci. O mais engraçado, porém, é aquilo que dão o nome de duplo nó. Ao mesmo tempo que a minha mãe me controlava ela detestava a minha avó pelas coisa que ela fez com ela. As mesmas que ela fazia comigo. A minha mãe não conseguia ver o paradoxo. O sonho dela era ter morado sozinha antes de casar, mas quando eu saí de casa ela fez uma tromba enorme e não foi me visitar, embora tenha me emprestado seu nome para o aluguel. Ela só começou a me ver como adulta depois que eu me casei. E agora me conta tudo aquilo que eu gostaria de ter sabido aos 15 anos de idade e que agora não me serve para mais nada.

Tudo isso porque? Porque eu precisava cumprir as etapas de uma mulher decente. O mais importante é casar, depois ter filhos. Hoje em dia precisamos de um emprego também, mas se somos casadas é menos pior. Antes disso, minha educação tinha que ser a de uma moça de família e eu estava vulnerável a ser uma perdida. Uma vez eu fui parar na psicóloga porque falava o que pensava. Eu acho que era na verdade porque eu falava a verdade. Eu compreendo bem melhor a minha mãe agora, mas será que era impossível ela me fazer endendê-la antes? É difícil dizer. O que ela poderia falar? "Filha, ser mulher é muito difícil e você nunca vai ser igual ao seu irmão. Você gosta do seu pai, mas ele não vai fazer sua vida melhor e eu não posso fazer nada por você. Vão te julgar e menosprezar. Vão ignorar o que você fala mesmo estando certa apenas porque não é homem."

domingo, 3 de outubro de 2010

É o fim do mundo?

Blogando pela noite escura com a areia tentando fechar meus olhos sinto uma quietude absoluta em minha volta. Apenas um alarme teima em tocar, mas o carro continua lá. Mas e nós? Me pego pensando se a aceleração histórica causada pelo uso macisso da internet como meio de comunicação é capaz de nos fazer sentir mais rápido as mudanças. Verdade que Dilma e Agnelo ainda irão para o segundo turno, mas um novo panorama de delineia, apesar de Weslian. Verdade que alguns recalcitrantes foram reeleitos. Queria eu acreditar que por um pequeno lapso do eleitor que guardou a mesma cola da eleição passada. Mas muita coisa parece ter mudado para homo brasiliensis. Esperamos que o DF não tenha do que se envergonhar no Congresso. Renovação? Não, não sou mais tão inocente assim. Amadurecimento? Talvez. Mas um amadurecimento político bem particular, que legitima uma jovem família de coronéis com duas filhas eleitas e uma mãe no segundo turno.

Esperamos então o dia amanhecer.